
Um projeto de pesquisa na área da agroecologia, agrofloresta e permacultura precisa ter diferentes características e alguns pontos de atenção para que fique o mais significativo possível.
Além disso, esses são temas que cada vez mais ganham relevância, e a pesquisa tanto técnica como a crítica dessas áreas, estão em franco crescimento.
Então, saiba que, ao preparar um projeto de pesquisa voltado a esses temas, você precisa ter atenção a essa ebulição que está acontecendo.
Isso para conseguir ter foco, e ao mesmo tempo, atingir os objetivos a que a pesquisa se propõe.
Mas fique tranquilo(a).
Vamos te dar algumas dicas hoje, de como pode construir um ótimo trabalho nessas áreas.
Este artigo foi escrito por um professor para ampliar sua visão sobre as possibilidades de melhorar e aprimorar seu projeto na área.
Também vamos trazer exemplos de cada parte que tratarmos aqui. E, ao falar destes itens – Agroecologia, Agrofloresta e Permacultura – você também vai notar que servem para ampliar seu foco para:
- Agrossilvicultura
- Agroflorestamento Sucessional
- Sistemas Agropecuários Integrados
- Agricultura Sintrópica
- Produção Orgânica
- Agricultura Regenerativa
- Rotação de Culturas
- Cultivo em Contornos
- Hortas Comunitárias
- Paisagismo Comestível
- Jardins Agroflorestais
- Cooperativismo Agrícola
- Manejo Integrado de Pragas (MIP)
- Biofertilizantes
- Captação e Gestão de Água
- Paisagens Regenerativas
- Sistemas Agroecológicos Tradicionais
- Policultura
- Silvipastoril
- Design Ecológico
- Zonas de Permacultura
- Jardinagem Regenerativa
- Economia Solidária
- Comércio Justo (Fair Trade)
- Segurança Alimentar e Soberania Alimentar
Bom, já deu para perceber que vamos trazer informações importantes para pesquisas na área como um todo.
Talvez depois você se interesse em ler também o artigo: Projeto de Pesquisa Ambiental: Dicas de Professor e Exemplos.
Ao final, você terá indicações para prosseguir com o desenvolvimento de cada parte de seu projeto.
→ Acompanhe em nosso índice os pontos que vamos abordar, e boa leitura!
- O início: você fará uma pesquisa crítica ou uma defesa?
- A definição dos objetivos do seu projeto
- Questões relevantes de temas como agrofloresta, agroecologia e permacultura e outras áreas relacionadas
O início: você fará uma pesquisa crítica ou uma defesa?

Como mencionado em nossa introdução, esses são temas – Agroecologia, Agrofloresta e Permacultura – que estão no debate atual.
Logo, há muitos pesquisadores e artigos de opinião que são a favor ou contra esses temas.
Obviamente que você não precisa estar em um desses polos, mas é importante que saiba o que cada um deles está falando, entende?.
É importante ter esta visão ampla, ainda mais se você pretende fazer um projeto de mestrado ou doutorado em que possivelmente uma banca de aprovação do seu projeto colocará pontos diversos do que você está usando em seu trabalho.
Além disso, quando você faz uma crítica ou uma defesa desses temas, não estamos falando somente das questões sociais, mas também de questões técnicas.
Como você deve saber, há debates sobre como a agroecologia, a agrofloresta e a permacultura devem ocorrer para uma maior eficiência, menor impacto ambiental e até mesmo de recuperação de ambientes.
Sendo assim, pense nessas variáveis para começar a se localizar e a compreender o que você deseja apresentar em sua pesquisa.
Isso é bem importante. Pois é um passo inicial para você determinar quais são os seus objetivos de pesquisa, e são eles que delimitarão tudo o que você fizer em seu projeto de pesquisa.
Por falar em objetivos, vamos aprofundar em outra dica de professor.
A definição dos objetivos do seu projeto

A partir do momento em que você localizar o seu tema dentro dessas grandes áreas, é fundamental que faça um “recorte” dela para determinar quais são os seus objetivos no projeto de pesquisa.
Talvez você já saiba, mas vale apontar que os objetivos podem ser separados entre gerais e específicos.
→ Você pode aprofundar lendo o artigo: Objetivos de um Projeto de Pesquisa – Verbos e Exemplos Prontos
A junção e o desenvolvimento deles, quando você estiver fazendo a seu projeto, são fundamentais para que você tenha um trabalho coeso, entende?
Dessa maneira, é importante que eles tenham relação entre si, e mais que isso, que sejam alcançáveis no desenvolvimento do trabalho final.
Assim, para começar a delimitar qual o seu objetivo de pesquisa dentro da agroecologia, agrofloresta e permacultura – ou todos os itens relacionados -, pense no que você quer destacar dessas áreas e no que quer apresentar sobre elas.
Quer um exemplo para ficar mais didático?
Vamos lá. Você pode ter como tema de pesquisa a permacultura. E dentro da permacultura você selecionou o subtema da educação.
E você está usando como objeto de pesquisa uma escola de sua cidade e a aplicação de um projeto de permacultura com as crianças do Ensino Fundamental.
Tranquilo até aqui?
Assim, a partir dessas delimitações, seu objetivo geral pode ser “apresentar como a permacultura é importante de ser ensinada nas escolas”, e como objetivos específicos, “como a permacultura ajuda não somente as crianças e a alimentação de suas famílias, mas à sustentabilidade e também a comunidade como um todo ao promover uma recuperação do solo que todos usam”.
Veja como a partir do tema da permacultura fomos delimitando cada vez mais até chegarmos a objetivos específicos que estão relacionados a uma defesa da permacultura e o seu ensinamento nas escolas.
Assim como esse exemplo acima, você poderia pensar em um projeto que envolva a implementação de agrofloresta em propriedades familiares de agricultores locais.
Agora, imagine um grupo de pequenas propriedades que, ao adotar a agrofloresta, não apenas começa a produzir alimentos de forma mais sustentável, mas também melhora a qualidade do solo e a biodiversidade da região.
Neste contexto, o objetivo geral do seu projeto poderia ser “analisar como a implementação da agrofloresta contribui para a regeneração dos solos e a melhoria da qualidade de vida dos agricultores familiares”.
Objetivos específicos poderiam incluir “avaliar o impacto econômico das práticas de agrofloresta no aumento da renda dos agricultores” e “verificar como a biodiversidade local é afetada positivamente por meio da introdução de diferentes espécies vegetais”.
Os objetivos não são fáceis de definir.
Por isso, como dica de professor, sempre tente pensar em pontos que são de relevância e de sua preocupação pessoal.
Veja também, como este seu interesse pode estar relacionado a algo que ainda não foi pesquisado ou que precisa de aprofundamento em sua área.
A partir disso, você começará a pensar em como fazer uma contribuição científica para essas áreas do conhecimento.
Questões relevantes de temas como agrofloresta, agroecologia e permacultura e outras áreas relacionadas

Com a necessidade e urgência de preservação ambiental e de uma alimentação de qualidade nutricional para a população, cada vez mais essas áreas estão ganhando espaço no debate público.
Da mesma maneira, com o crescimento destas discussões, também emergem diferentes opiniões.
Portanto, é fundamental que quem trabalhe com essa área tenha ciência das críticas que a ela são dirigidas.
Para ilustrar como essas críticas podem surgir, pense em um projeto que envolva a agricultura sintrópica em uma região semiárida.
Em muitas situações, críticos apontam que a introdução de culturas diversificadas em regiões semiáridas pode ser inviável devido à limitação de recursos hídricos.
No entanto, há casos de sucesso em que a utilização de técnicas de captação de água da chuva e gestão eficiente dos recursos hídricos permitiram que essas práticas fossem bem-sucedidas, melhorando a fertilidade do solo e aumentando a produtividade agrícola.
Assim, conhecer e entender essas críticas pode ajudar a moldar seu projeto de forma mais realista e com soluções fundamentadas.
Obviamente que muitas críticas podem não ter fundamentação teórica e científica, mas muitas delas possuem e você precisa ter conhecimento delas para avaliar o que é positivo e o que é negativo.
Mas fique atento(a). Dentre os defensores dessas áreas podem ter momentos de romantização desses temas.
Sendo assim, sempre tenha um olhar mais neutro para esses temas que estão em alta discussão para conseguir avaliar o que é importante para o seu projeto de pesquisa e o que pode ser descartado.
Isso é fundamental para que você realmente produza conhecimento científico e não corrobore com opiniões que não estão preocupadas com o avanço da ciência.
Vamos falar de outro ponto?
Também por estar em crescimento, esses temas não são puramente técnicos. Da mesma maneira que o meio ambiente também não é só mais uma questão técnica, mas também social.
As áreas da política, educação, economia entre tantas outras podem ser interessantes de serem analisadas.
Vou explicar melhor.
Um exemplo disso seria o estudo da introdução da economia solidária como parte de um sistema agroflorestal em uma comunidade rural.
Você poderia explorar como a criação de cooperativas locais, focadas na venda dos produtos agroflorestais, impacta a economia local e promove justiça social.
O projeto poderia analisar como a organização cooperativa melhora as condições financeiras dos agricultores envolvidos e, ao mesmo tempo, contribui para uma maior conscientização sobre práticas agrícolas sustentáveis.
Este tipo de abordagem mostra claramente a interação entre questões econômicas e ambientais, destacando a relevância social do projeto.
Isso pode fazer com que você apresente um projeto de pesquisa que não está se detendo a somente uma área de conhecimento, mas que seja multidisciplinar e possa ter uma contribuição maior com sociedade.
E, mesmo quando estamos falando de “áreas técnicas”, você pode envolver vários conhecimentos como da engenharia ambiental, biologia, física etc.
O importante é ter essa visão ampla que o tema tem para conseguir se situar e verificar como ele tem sido importante hoje, entende?
No mais, também tenha cuidado para não acabar se perdendo, pois como dito anteriormente, é importante ter clareza de quais são os seus objetivos e tentar demonstrar a importância deles durante todo o percurso de seu projeto.
Caso eles passem por modificações, não se preocupe.
Isso só acontecerá após a aprovação de seu projeto e em um momento que você já terá realizado uma parte da pesquisa e terá maiores conhecimentos para fazer desvios e ajustes em seu percurso.
Este artigo foi escrito para ampliar sua visão sobre as possibilidades de melhorar e aprimorar seu projeto na área.
Agora, te convidamos a ler os artigos abaixo, que são formulados para orientar a desenvolver cada parte de seu projeto de pesquisa. Aproveite.
Referências e Leituras Complementares:
- Brasil. Lei n° 9795, de 27 de abril de 1999. Institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Brasília: DOU de 28/04/1999
- Floriani, N.; Floriani, D. Saber Ambiental Complexo: aportes cognitivos ao pensamento agroecológico. Revista Brasileira de Agroecologia, 5(1), 3-23, 2010. Disponível em: http://revistas.aba-agroecologia.org.br/index.php/rbagroecologia/article/view/9529
- Guimarães, M. Educação Ambiental Crítica. In: Layrargues, P. P. (Org.). Identidades da educação ambiental brasileira. Brasília (DF): Edições Ministério do Meio Ambiente, 2004
- Londres, F.; Petersen, P.; Martins, G. Olharesagroecológicos: análise econômico-ecológica de agroecossistemas em sete territórios brasileiros. Rio de Janeiro: AS-PTA, 1. ed., 2017.
- Monteiro, D.; Londres, F. Pra que a vida nos dê flor e frutos: notas sobre a trajetória do movimento agroecológico no brasil. In: Sambuichi, R. H. R.; Moura, I. F.; Mattos, L. M.; Ávila, M. L.; Spínola, P. A. C.; Silva, A. P. M. (Orgs.). A política nacional de agroecologia e produção orgânica no Brasil: uma trajetória de luta pelo desenvolvimento rural sustentável. Brasília: Ipea, 53-83, 2017. Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8805/1/Pra%20que%20a%20vida.pdf